Na Estante: Lúcifer e o Martelo
Ou a história de como salvar o mundo... para destruir o mundo!
Nunca tinha ouvido falar de Lúcifer e o Martelo. Até a arte e o nome me pareceram meio bobos a princípio. Não pretendia comprar o mangá quando foi lançado pela JBC, mas após várias indicações resolvi dar uma chance a esse título. E devo confessar: até o momento não tenho motivos para me arrepender dessa aquisição.
A fábula de destruição do mundo
Publicado em 2005 nas páginas da revista seinen Young King Ours, da editora Shonen Gahosha, mangá é escrito e ilustrado por Satoshi Mizukami, finalizado com 10 volumes. Ele segue o padrão dos recentes lançamentos da editora: histórias que fogem ao senso comum da maioria dos títulos que vemos por aqui.
O mangá conta a história de Yuuhi Amamiya, um estudante universitário que, certo dia, acorda com um lagarto o encarando em sua cama. Após algum tempo se encarando em silêncio, o lagarto começa a falar e se apresenta como Lorde Noi Crescent, um dos cavaleiros das feras, e diz que veio pedir a ajuda do Yuuhi para proteger a Princesa e deter os planos malignos do Feiticeiro, que pretende destruir a Terra utilizando um martelo gigante que está orbitando o planeta, o Biscuit Hammer.
Obviamente, como todo protagonista, nosso herói decide prontamente auxiliar o Lagarto em sua empreitada para salvar o mundo? Errado! Sem dar muita bola para o pedido do Lagarto, o Yuuhi passa a ignora-lo, tratando-o como um mero animal de estimação.
Mas as coisas mudam quando ele é atacado por um dos bonecos de
Bom, talvez chamá-la de heroína não seja exatamente o termo correto a se usar, já verdadeiro motivo por trás da intenção da Princesa em salvar o mundo das garras (ou do martelo) do feiticeiro não é nem um pouco ortodoxo: ela quer impedir a destruição do mundo para poder destruí-lo com as próprias mãos. Ao ouvir isso, Yuuhi é tomado por uma determinação pra lá de sombria e jura lealdade incondicional a ela e seu plano de destruição do mundo. E assim começam as aventuras da Lúcifer de saias e do seu cavaleiro de lagarto.
Yuuhi não é o típico protagonista heroico de 9 entre 10 shonens. Tampouco é um bebê chorão que depende de deus e o mundo pra sobreviver. Frio e calculista, ele pensa antes de agir, pondera suas habilidades e age com inteligência, já que seu domínio controlável é fraco. Sua lealdade para com a Princesa chega a ser, de certo modo, doentio, sendo ele capaz de qualquer coisa para cumprir seu juramento.
A Samidare também tem um passado bem obscuro por trás desse desejo de destruir o mundo. Fora que, apesar dos cavaleiros terem a função de protegê-la, ela é bem forte e uma das únicas pessoas capazes de destruir os bonecos de barro e derrotar o feiticeiro (ou seja, nada de donzela e perigo aqui).
A medida que a história avança, vamos conhecendo um pouco mais os porquês da vida dos protagonistas e vamos sendo apresentados aos demais atores dessa fábula de destruição do mundo, numa trama que, apesar de simples, consegue prender sua atenção a cada capítulo.
A edição da JBC
O mangá segue o formato atual dos mangás da editora: papel pisa brite 52g, impressão nas capas internas e páginas coloridas. Não há muito o que falar sobre isso. A impressão também está boa, apesar de em algumas páginas o famigerado efeito moiré ter dado o ar da graça (mais por falha de impressão do que qualquer outra coisa). A tradução também segue o padrão da editora, com algumas notas de rodapé explicativas ao longo das páginas.
A edição nacional também conta com um prefácio exclusivo para o Brasil, escrita pela próprio autor. Não é muito grande, mas mostra
Vale a pena ou não vale?
Por ter apenas 10 volumes o mangá não fica de enrolação e vai direto ao ponto. Apesar do desenvolvimento simples, merece ser acompanhado por todos que apreciam uma história envolvente, cheia de personagens cativantes e uma mistura de humor, ação e uma pitada de drama (se bem que é bem uma pitada mesmo).
Nota: [✦ ✦ ✦ ✦ ✧]
4 de 5
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